segunda-feira, 25 de julho de 2011

Por uma consciência coletiva.

Para além das imagens e ações maquinizadas do dia a dia, temos, uns mais outros menos, instantes questionadores sobre a realidade. Pensamentos sobre a natureza dos olhares das pessoas, e o olhar pessoal da natureza.

As respostas conjugando-se às questões, a respiração fica mais forte, da simplicidade até o coração se idealizam na percepção da razão. As idéias vão sendo constituídas como lembranças conjugadas em memórias de um apreender a vida naquilo que a faz ter sentido.

É nossa tal capacidade, aos animais a natureza reservou a vida da ruminação cerebral da idiossincrasia. Tudo se torna a idéia fixa de somente olhar ao que interessa: desassociar como parte de um todo e associar como único centro da realidade que os cerca.

Não seríamos cognitivamente como uma vaca se unicamente pensássemos somente em nossas necessidades e estabelecêssemos no coletivo por pura questão de conforto próprio?

Ao ser humano cabe a cognição da realidade, não a individual, mas a da sociedade. Ao homem e a mulher nada mais será tão puro como a infância, tão emocional como a adolescência, e tão socialmente real como um adulto que muda a realidade coletiva.

A realidade que se assume como um todo, como a consciência do nosso olhar, não mais a pequena parte de nosso infanto-juvenil ego. Não havendo mais auto-mudanças, compreenderemos então que a nossa cabeça não é o começo ou fim, mas simplesmente um meio de entendermos e agirmos na sociedade.

À cada qual o seu próprio entendimento da vida individual e social e o respeito pelo do próximo, mas a verdade é que existem padrões que nos limitam à pensarmos sempre como crianças. Aos líderes de si próprio, chegou a hora não só de entenderem, mas saírem do conforto e agirem para amadurecermos o padrão coletivo pelo qual todos entendem e agem na política.

Amadurecer é obrigatório, na condição que estamos não conseguimos dar respostas sobre as mais básicas questões. Fundamentalmente, devemos ser combativos em face das imaturidades do sistema que permitem o crescimento em teu seio destas recorrentes anomalias.

O político anômalo neste sistema nos limita coletivamente em um grande rebanho, deixando a entender que permitimos que aja como se proprietário fosse do interesse público. A consciência coletiva limitada a pensar que ao político devemos a nossa necessidade por pura questão de conforto continuará então a ruminar idiotamente o capim chamado Estado.

Amadurecer é possível e simples, basta que cada consciência individual queira mudar a realidade da consciência coletiva um único ponto: a classe média não pode mais acreditar na apatia política como status social.

Bruno J.R. Boaventura – advogado.

A ironia da hipocrisia pública

A contemporaneidade é fascinante, sobretudo a hipocrisia: nada somos se não temos, e nada temos se não nos corrompemos. À hipocrisia, vamos ao seu remédio: a ironia. Neste mundo que tem donos, aquela realidade corrupta faz sentido para estes poucos.

O restante sobrevive na marginalidade, não entendem ou não querem entender, não são a favor de nada e tão pouco contra alguma coisa. Calam-se todos, rir até é que permitido, mas nesta democracia atual falar sério sobre o que é público só para autoridade pública.

A vida vai se levando, mas querendo me importar, sem querer ser autoridade, peço uma nova pausa para o olhar o bem público: as árvores, as praças, a água, a saúde, o orçamento, a política, até se chegar a universidade.

Enfim, fácil de lembrar, e difícil de importar, mas vai o lembrete: tudo o que tem público no nome é do povo, é meu e seu por direito. A autoridade que também é pública nos deve satisfação por dever.

O olhar se torna coalho quando você é corrompido para entender esta realidade como os donos do mundo e/ou as autoridades públicas entendem. Não é realmente irônico, a história se corrompendo torna-se óbvia: era uma vez, um lindo lugar chamado Governo, lá depositamos nossa confiança, e o nosso dinheiro. Não precisamos nos preocupar, os governantes fazem tudo direitinho, e não existe maldade na terra dos cidadãos palhaços.

Neste universo paralelo desassociado completamente da realidade social, o tempo é escravo da burocracia, e o espaço é a casa-grande dos políticos. Na burocracia, o tempo das definições é do Judiciário. No espaço, quem encena as discussões é o Legislativo. A definição do roteiro é do Executivo, mas é o controle disso tudo, o Ministério Público?!

Aconteceu é que o controle remoto é da sociedade, mas está sem pilha, não funciona. Este sistema político-jurídico zapeia autonomamente e só curte os canais da corrupção. Sem nada fazer, estamos assistindo um filme de terror sem sentido chamado: a bolha, o domínio da anomalia moral.

No Mato Grosso: privatizaram a saúde, nada fizemos. Mercantilizaram a água, nada sabemos. Tercerizam a UNEMAT, nada questionamos. BRT ou VLT, nada perguntaram. Leiloam os rios, vendem a floresta, e a hipocrisia se fez no passado e está no presente: ao exemplo da terra, tudo o que é público ironicamente não parece, mas já tem dono.

Pare leitor, despertai a atenção, e desça do muro. Você não é e não será milionário, pare de consumir seus sonhos, e comece a se importar. A classe média é quem está pagando a conta, não só com o imposto, mas com o sacrifício da qualidade de vida. Tenha razão crítica e seja feliz ao mesmo tempo, sim este outro mundo é possível!

Marchemos então como nunca, mas, por favor, não mais como cabeças de pastéis. As faixas não podem ser apenas expressões de uma vontade reprimida, são exigências, e não paremos de marchar até que se tornem a realidade social. Sem hipocrisia e ironia.

Bruno J.R. Boaventura. Advogado.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A greve é moral.

Houve um, entre tantos magistrados, que decidiu que a greve dos profissionais da educação é ilegal. Não foi motivo jurídico que fundamentou esta decisão, mas sim ético. Tratou-se de sopesar a sociedade contra a sociedade: do direito dos filhos dos pobres sem aulas em face da luta dos profissionais da educação contra um salário de miséria. O erro é não encarar ambas as coisas como partes de um todo só, são indissociáveis. Estaria o Desembargador moralmente cego, para não ver que a questão é pela luta social por uma educação pública de qualidade em face da corrupção estatal da prioridade de investimento público na educação.

Não há magistrado que possa declarar que a greve dos profissionais da educação de Mato Grosso é imoral. Não por estarem todos cegos à moralidade. Sendo estudantes de escolas públicas como foram, por serem filhos e netos de professoras aposentadas da rede pública como são, conhecem que é na sala de aula, da escola pública, que se muda uma nação.

Ao menos sabem todos que a nação que vive não é a que foi concebida na Constituição Federal. A Constituição Federal que também assegura o direito a greve, pouco se cumpre, muito se interpreta, e a legalidade se impõe ou relaxa com uma caneta de um homem. Tão simples. Deveriam ter a certeza de que a moralidade da greve continua existindo.

O erro é acreditar que a moralidade da luta pertence somente aos que visivelmente sofrem. Não pertence só os filhos dos pobres e dos profissionais da educação. A verdade é que toda a sociedade adoece com a violência dos males desta corrupção, pagando impostos para serviços públicos e também pela educação, segurança e saúde.

Esta moralidade a caneta não afastou. O que o Governador fará para afastar a moralidade da greve, chamará os pastores alemães para trucidar a caravana? Aos cassetes com os grevistas? Banana destemperada na televisão? Todos os outros foram, mas afinal, é d e r e i, este Governo?

Aos acampados na praça Ulisses Guimarães, tenham certeza de que o vôo do pássaro petrificado, em homenagem à este grande movimentador da democracia brasileira, não pode ser abatido em plena decolagem.

Façam de seu canto, a sua voz, gritem pela internet que #agreveémoral. Façam de suas garras, a sua arma, exijam a saída da Secretária de Educação.

Façam de sua plumagem, a nova vestimenta dos movimentos sociais, a desobediência civil como exemplo para decisões imorais.

BRUNO J.R. BOAVENTURA.