terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cuiabá, graças a ti.

Não existe amanhecer tão lindo como o de Cuiabá.

No reluzir do esplendor do alvorecer do Sol, o verde da cidade intensifica a cor de sua beleza: brilha pela luz do dia ao mesmo tempo em que ainda é opaco pela escuridão da noite.

Neste momento, em que as folhas das mangueiras despedem da Lua e encontram a pouco a pouco a luz do Sol, sinto como se escutasse Cuiabá dando bom dia.

Acho que devo, e respondo: “Bom dia, Cuiabá!”

Simples, mas fazendo isto, a minha alma se torna algo maior.

É esta a mais linda maneira de renovar uma paixão: viver o detalhe como se lhe coubesse o todo. É como se o verde da folha da mangueira pudesse me explicar que cidade é Cuiabá.

A identidade do amor então se faz: quem observa e aquilo que é observado, estão juntos: um bem entende e o outro bem entendido é.

Não existe melhor convite para sair da superficialidade, descer cada degrau da escadaria da distância, e entranhar-se naquilo que se chama de felicidade.

Andar pelas ruas e ver que os rostos dos cuiabanos que cedo amanhecem são reflexos da identificação com a Cidade.

Aqui, todos são um, a alma cuiabana vai além do verde da folha e do rosa das mangas, somos a própria naturalidade da exuberância de cada palmo do caule de uma mangueira que serve a sombra hospitaleira.

Aqui, a identidade heróica da cuiabanidade é filha da índia bororo com o escravo que milagrosamente consegue ser bem dito. A criança parida no barranco de pedra que reencarna a alma do gigante peixe pintado morto de velhice. Criatura que tem no renascimento o único caminho para ensinar a sabedoria completa do equilíbrio da natureza do rio: a adoração da vida.

O amor de detalhes me faz sentir o todo. A luz do Sol no verde da folha da mangueira me fez sentir Cuiabá. A imaginação da vida na beira do rio me fez sentir a alma cuiabana.

Aqui, eu sou a praça em que cresci, o bairro que vivi, a sombra da mangeira que saboreei, o rio que nadei, e a cidade de Cuiabá sou eu. Graças Cuiabá, graças rendo a ti que tanto me dá.

Bruno Boaventura

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