sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A ordem e o preconceito.

Caros colegas advogados eu tentei me manter integro no meu propósito de não discutir a pequenez das pessoas e somente a grandeza de suas idéias. Infelizmente, faço uma exceção, falarei de uma daquelas velhas armadilhas humanas: o preconceito contra o jovem profissional. Ao me chamarem de garoto, me subestimarem em razão da minha idade.
Os jovens profissionais, assim como a maioria da garotada dos 6.000 jovens advogados mato-grossenses, sabem as nossas dificuldades para conquistar o mercado. Sabem que este preconceito não mede pela qualidade intelectual do trabalho, sabem que este preconceito não mede pela contribuição que já deram à sociedade, sabem que a medida da régua deste preconceito se chama ruga na cara, e não mérito pessoal próprio. E exatamente esta preconceituosa medida que representantes da OAB/MT utilizam para medir os jovens advogados.
Realmente, sou um garoto, e gostaria que todos assim se sentissem na luta pela defesa da democracia. Esta luta não tem idade, cabe à todos, e sobretudo caberia aos jovens tentarem fazer lembrar aos que esquecem que a luta pela democracia vale a pena, pois ela é eterna. Diferentemente do esforço pela coerência por benefícios pessoais, a democracia registra historicamente aqueles que verdadeiramente não sopesam esforços para concretizarem a impessoalidade de seu fim.
Fazer a opção pela votação indireta ao quinto constitucional dos advogados de Mato Grosso, é trair, para alguns uma suposta coerência até aqui ainda exarcebada. Já para todos será a traição da função que cada um dos advogados assumiu ao escolherem o exercício desta profissão, que não é um privilégio, mas sim uma responsabilidade de lutar por uma sociedade democrática. Não trair compromissos pessoais pode ser uma regra de conduta, mas jamais será um princípio ético maior do que não trair uma classe inteira de representados. Não há um advogado republicano que não defenda a democracia da votação direta ao quinto constitucional. A eleição direta não só um direito de todo advogado perante a OAB/MT, mas um dever da OAB/MT de dar exemplo de uma eleição limpa para a sociedade.
A coerência com a classe não será cobrada somente de cada um dos Conselheiros, mas também do colegiado como um todo. A maioria do Conselheiro definirá pela votação direta dos advogados ou não, mas a responsabilidade da decisão final será atribuída ao Conselho por inteiro. E a responsabilidade da não implementação da eleição direta pela atual Gestão será cobrada por toda a sociedade para cada um dos advogados.
Estes três temas tratados aqui, juventude, preconceito e traição, poderão estarem presente na reunião do dia 29. Aos jovens conselheiros, ao que me parecem, caberão a traição a classe, votando contra o pedido da votação direta. Aos conselheiros antigos caberão a traição aos seus colegas jovens conselheiros, votando a favor da votação direta, e o preconceito ficará a cargo de todos os conselheiros que darão a mensagem que o jovem deve suportar um ônus que não lhe cabe: a responsabilidade pela traição de toda uma gestão da OAB/MT com a coerência da defesa da votação direta. Será o fim da farsa da coerência de alguns que se posicionarão igualmente aos imputados de falta de coerência, ou seja, se igualaram aos que defendem a democracia interna na OAB/MT conforme a circunstância pessoal, e não conforme o valor atemporal da democracia.

Bruno J.R. Boaventura – advogado. www.bboaventura.blogspot.com

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