segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Ordem e a ética

Eu vou tentar contar uma pequena estória. Um estagiário, após a feitura de uma ação conforme dispunha o contrato, cobrou da cliente o devido pagamento. A cliente ofendida pela cobrança, disse que o ganho da liminar apesar de garantir um leito hospitalar para o seu marido de nada adiantou, pois o homem morreu na ambulância ao longo do trajeto de sua internação. Da ofensa foi gerada uma representação contra o estagiário e o advogado signatário da ação. A OAB/MT então seguiu com o trâmite: estagiário e advogados notificados, defesas prévias apresentadas, memoriais finais protocolados, tão somente, nada de testemunhas ou outras complexidades. Isto levou o prazo de quase cinco longos anos, e no próximo dia 16 de julho, o processo será posto em pauta, e enfim conheceremos o julgamento do Tribunal de Ética. Os advogados militantes sabem que os julgamentos da OAB/MT não são todos primados pela técnica. Um exemplo era citado a largas medidas pelo atual candidato a vice-presidente da chapa situacionista, na outrora justificativa do distanciamento com o atual Presidente, dizia ele: que conheceu na pele a injustiça da OAB/MT, quando não foi aceita a transferência de um cliente seu, um outro advogado, em razão de uma intransigência pessoal do atual secretário-adjunto.
O tal estagiário da estória sou eu, e o signatário é meu irmão, que não mais advoga. A decisão, eu já sei qual será: condenação. Eu daqui a alguns dias terei em minha biografia, uma condenação ética da OAB/MT. Não sou vidente, pessimista, confidente ou qualquer outro adjetivo que possa dar a impressão da certeza do meu acaso. Não é acaso, serei condenado por não ter aceitado a infame proposta de me silenciar. Tentaram oferecer a mim uma velada idéia de encontro de ideais, que na verdade não passou de um oferecimento de absolvição pelo silêncio. Quiseram me igualar a eles, fazendo da minha ética uma moeda de troca. O meu propósito não está sujeito a escambo, minhas críticas continuarão a existir até que a OAB/MT possa dar um só exemplo de democracia, como a realização do plebiscito. Não aproveitarão do meu silêncio, e isto não será bom para alguns Judas.
Aos antiéticos, aqueles que se silenciam quanto ao escândalo do sistema de impermeabilização do Fórum da Capital, quanto aos retroativos ganhos avultosos dos magistrados, quantos ao nepotismo flagrantemente praticado, quanto aos segredos da coisa pública, eu lhes suplico que me condenem. Na moral, eu quero me diferenciar de vocês, sendo antiético para os antiéticos e ético para os éticos, eu estarei com a consciência tranquila, pois a convergência com estes e a divergência com aqueles serão meus sonhos de uma noite bem dormida.
Não sou lobista, ou qualquer outra figura escroque que possa existir no mundo da blandícia. Advogado é isto que sou, e serei até o momento em que advocacia não só forneça o sustento da minha família, como também seja possibilidade de fazer justiça social. Por mais que possa existir a tentação, o trabalho árduo não é desejado, e sim necessário para um mérito honrado.
Que corra ao vento a notícia que um jovem advogado será julgado como antiético pelos antiéticos, e que saibam todos que a ordem da ética já se inverteu na entidade da advocacia de Mato Grosso. Que os advogados tenham o mesmo senso que a OAB/MT e possam ser chamados defensores de causas perdidas. Que o contra-senso seja o nosso guia. Que a oposição seja o nosso caminho. E que seja vitoriosa a ética dos honrados.

Bruno J.R. Boaventura.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A Ordem e o tempo

Ora, Ora, Ora se é para falar bonito, resposto maniqueísmo com idiossincrasia, se é para falar simples, resposto maniqueísmo com oportunismo. Advogados e advogadas entendam o processo eleitoral da OAB/MT. Aquele que será o candidato como vice-presidente da Chapa da situação até pouco tempo atrás era um ativo participante da oposição. Releiam os jornais. Até pouco atrás articularam para ser ele o candidato da oposição. Revejam os sites. Até pouco tempo atrás era um daqueles que acreditavam que a mudança, a renovação e a democracia faziam parte da necessidade existencial da OAB/MT. Mas hoje não mais. Hoje o tempo passou, as idéias se esvaziaram e o propósito se tornou obsoleto. Mudar até mesmo a respeito da mudança é permitido, no campo das idéias nada é proibido, mas e a razão? Cadê a razão de agora acreditar que situação e oposição não se divergem? É um maniqueísmo simplista pensar que a mudança não virá daqueles que soterram seu ar a mais de 12 anos, ou será, que é idiossincrático idealizar algo com um grupo sobre um novo amanhecer já pensando aproveitar com um outro grupo as oportunidades que possam surgir no velho e irreluzente luar? As razões, eu ainda não as conheço. Sei que deve existir, mas da próxima vez, as apresente, antes de agradecer o cargo que lhe é dado de presente pela fidalguia. Não tenho grupo, tenho participação em um Movimento. Não disputarei eleição, defenderei idéias. Não serei vitorioso, já o sou quando vejo que o exemplo da prática é tal poderoso quanto o cargo que se exerce. Que minha entidade seja antônima de democracia e não estarei lá. Que minha entidade seja a luz do novo tempo e buscarei ser o seu reflexo.A idéia a ser defendida é que a oposição, tão somente esta é capaz de aglutinar todas as propostas construídas pelo Movimento pela OAB/MT Democrática. Mudança não é simples palavra. É propósito, ou o temos com quem ajudou a construí-lo, ou não temos nada.Não nos façamos de idiotas, e nem deixemos que os advogados e advogadas sejam platéia de ilusionistas que desaparecem com propósitos assumidos como objetos descartáveis. Não haverá candidaturas da situação. Haverá uma só candidatura da situação, todas as outras terão as pernas quebradas no esforço frágil de tentar manter-se em pé. Já a oposição, não tenham dúvidas, não tenham medo, será não uma candidatura, mas uma caravana: a da mudança. Que os cães ainda ladram, mas esta caravana passará, seguirá o seu destino, terá o êxito de tornar público aquilo que é somente conhecido nos bastidores, mostrará o que se esconde por de trás da mágica dos nomes, dos cargos e da falta de democracia.
O tempo me disse que a OAB/MT muda agora ou somente daqui a 6 anos teremos uma outra chance. Eleito o situacionista, como maquinista de trem, só andará por um caminho: o trilho da reeleição. Não há como desviar, a reta é longa, mas a próxima parada é certa: o aniversário da maioridade de um grupo que faz de nossa entidade uma máquina com um apito só.
Advogados e Advogadas estejamos preparados, seremos perguntados a dar o nome de nosso apoio, mais do que a amizade ou cargo devemos responder com as nossas verdadeiras razões de acreditar que a OAB/MT deve ficar como está ou mudar a lenha que alimenta o fogo desta caldeira da pessoalidade para a democracia.

Bruno J.R. Boaventura.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A coisificação do ser.

Não se troca carinhos, se investe tempo em gestos.
Não se casa, se associa rendas.
Não se ama, se compatibiliza interesses.

Não se dialoga, se negocia.
Não se tem inimigos, se tem concorrentes de mercado.
Não se tem amizade, se tem troca de informações valiosas.

Não se tira vantagem, se lucra.
Não se trabalha, se explora.
Não se cultiva a terra, se desertifica o solo.

Não se politiza, se vende favores.
Não se governa idéias, se impõe decisões.
Não se legisla, se institucionaliza interesses privados.

Não se luta, se insiste na sobrevivência justa.
Não se advoga causas, se defende ganhos monetários.
Não se publica matérias, se repercute fatos prontos.

Em fim, não se vive, se mercadoriza a vida.
O que quero dizer com isso?
Não se pensa por si próprio, se respalda em opiniões alheias.
Bruno J.R. Boaventura.