Eu vou tentar contar uma pequena estória. Um estagiário, após a feitura de uma ação conforme dispunha o contrato, cobrou da cliente o devido pagamento. A cliente ofendida pela cobrança, disse que o ganho da liminar apesar de garantir um leito hospitalar para o seu marido de nada adiantou, pois o homem morreu na ambulância ao longo do trajeto de sua internação. Da ofensa foi gerada uma representação contra o estagiário e o advogado signatário da ação. A OAB/MT então seguiu com o trâmite: estagiário e advogados notificados, defesas prévias apresentadas, memoriais finais protocolados, tão somente, nada de testemunhas ou outras complexidades. Isto levou o prazo de quase cinco longos anos, e no próximo dia 16 de julho, o processo será posto em pauta, e enfim conheceremos o julgamento do Tribunal de Ética. Os advogados militantes sabem que os julgamentos da OAB/MT não são todos primados pela técnica. Um exemplo era citado a largas medidas pelo atual candidato a vice-presidente da chapa situacionista, na outrora justificativa do distanciamento com o atual Presidente, dizia ele: que conheceu na pele a injustiça da OAB/MT, quando não foi aceita a transferência de um cliente seu, um outro advogado, em razão de uma intransigência pessoal do atual secretário-adjunto.
O tal estagiário da estória sou eu, e o signatário é meu irmão, que não mais advoga. A decisão, eu já sei qual será: condenação. Eu daqui a alguns dias terei em minha biografia, uma condenação ética da OAB/MT. Não sou vidente, pessimista, confidente ou qualquer outro adjetivo que possa dar a impressão da certeza do meu acaso. Não é acaso, serei condenado por não ter aceitado a infame proposta de me silenciar. Tentaram oferecer a mim uma velada idéia de encontro de ideais, que na verdade não passou de um oferecimento de absolvição pelo silêncio. Quiseram me igualar a eles, fazendo da minha ética uma moeda de troca. O meu propósito não está sujeito a escambo, minhas críticas continuarão a existir até que a OAB/MT possa dar um só exemplo de democracia, como a realização do plebiscito. Não aproveitarão do meu silêncio, e isto não será bom para alguns Judas.
Aos antiéticos, aqueles que se silenciam quanto ao escândalo do sistema de impermeabilização do Fórum da Capital, quanto aos retroativos ganhos avultosos dos magistrados, quantos ao nepotismo flagrantemente praticado, quanto aos segredos da coisa pública, eu lhes suplico que me condenem. Na moral, eu quero me diferenciar de vocês, sendo antiético para os antiéticos e ético para os éticos, eu estarei com a consciência tranquila, pois a convergência com estes e a divergência com aqueles serão meus sonhos de uma noite bem dormida.
Não sou lobista, ou qualquer outra figura escroque que possa existir no mundo da blandícia. Advogado é isto que sou, e serei até o momento em que advocacia não só forneça o sustento da minha família, como também seja possibilidade de fazer justiça social. Por mais que possa existir a tentação, o trabalho árduo não é desejado, e sim necessário para um mérito honrado.
Que corra ao vento a notícia que um jovem advogado será julgado como antiético pelos antiéticos, e que saibam todos que a ordem da ética já se inverteu na entidade da advocacia de Mato Grosso. Que os advogados tenham o mesmo senso que a OAB/MT e possam ser chamados defensores de causas perdidas. Que o contra-senso seja o nosso guia. Que a oposição seja o nosso caminho. E que seja vitoriosa a ética dos honrados.
Bruno J.R. Boaventura.
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