Certa vez fui taxado de "garoto". Era o pejorativo jeito de dizer que não tinha que participar na OAB pelo meu pouco tempo como advogado. Certa vez tentei participar como membro da Comissão de Direito Constitucional, mas até hoje aguardo a resposta. Era o jeito de me fazer entender que não tinha que participar na OAB pela minha falta de relações pessoais internas.
Certa vez tentei falar no Conselho da Seccional, me disseram que falaria, mas que aquilo era uma exceção. Era o jeito de dizer que para participar na OAB precisa ter outra qualificação além de ser advogado. Hoje me rebatem, não aquilo que falo, mas porque tenho a coragem de falar. Digo o que penso não porque somente acho necessário criticar, mas também porque agir não se resume a bater palmas.
Acredito que tentei participar por dentro da OAB, não sendo possível não restou alternativa a não ser agir por fora. Mas uma coisa é certa não deixarei de agir quando a vontade me tomar o ímpeto, não deixarei de agir por aquilo que acredito.
Alguns ainda murmuram que "falar é fácil", não sabem do peso da responsabilidade de assumir posições. Alguns ainda rumoram "quero ver fazer", não sabem que as posições somente devem ser tomadas com estratégias de ação bem definidas. Não me venham agora dizer que somos os "linguarudos" da história, pois aquele que teve oportunidade de fazer acontecer e pouco realizou, regurgitando propostas não fui eu.
Se fez, fez pouco, pois aonde está o escritório modelo, as palestras específicas ao jovem advogado, o escalonamento das anuidades, o acesso aos jovens advogados ao Conselho, a cartilha do jovem advogado, o congresso estadual dos jovens advogados, enfim as oportunidades de um apoio institucional para que os garotos e as garotas se integrarem na profissão?
Mas disso, você já deixou de entender, até porque há muito tempo você passou dos cinco anos de profissão para ser considerado um jovem advogado. Então, caro presidente da Comissão dos Jovens Advogados, não venha com sandice de falar algo que não corresponde a sua ação.
Nesta semana ainda tivemos a infeliz notícia de que nossa atual Secretária Geral da OAB/MT foi presa em flagrante pichando o muro do escritório do nosso atual Presidente da OAB/MT. O motivo, a intenção, a causa, realmente pouco nos interessa. Se foi briga profissional, amor não correspondido, vingança, inveja, disto não quero saber. Mas o efeito, o resultado, a repercussão negativa que sabidamente já está sendo provocada é o que não podemos omitir.
Primeiro, além de ilegal foi uma conduta antiética. Segundo além de antiética envolveu dois ocupantes de cargos da Diretoria da OAB/MT. Terceiro além de envolver cargos internos da OAB/MT, a Secretária Geral ocupa por indicação da Ordem o cargo vogal no Colégio da Junta Comercial. Em suma se os motivos foram estritamente pessoais não nos interessa, porém os efeitos institucionais negativos devem ser imediatamente diagnosticados e estancados pelo Tribunal de Ética.
A sandice de agir em plena madrugada de Cuiabá pichando muros, nada despertaria o meu interesse, mas que não seja uma pessoa que fala e age em nome da diretoria da OAB/MT, que seja uma parede qualquer, mas não o escritório do presidente da OAB/MT.
Cada vez mais advogados compreendem a conveniência das minhas críticas, acredito que existe a necessidade de expor a pintura de mau gosto que estão transformando a Ordem. Minha intenção acima de tudo é transparecer que me move não são cargos, até porque não vou estar em nenhuma chapa, e sim o amor.
Tenho paixão naquilo que faço, estou na advocacia a quase 10 anos, comecei estagiar um ano antes de entrar no curso de direito. Minha luta é fazer do amor à profissão de advogado, a paixão de construir a Ordem como uma entidade comprometida com a democracia. Não podemos confundir: limitemos-nos a apaixonar a nossa instituição, e não amarmos aqueles que por ventura ilegitimamente tenham personificada-a. É com amor que peço, não deixemos mais que machuquem o nosso coração, protegemos a nossa OAB/MT de pichação.
Bruno J.R. Boaventura - advogado.
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