quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A circunstância do Estado

A circunstância pode ser o entendimento da natureza. O velho e bom olhar aos periquitos, que assim como os macacos, cortejam a sombra e o os frutos das mangueiras cuiabanas. A circunstância pode ser o entendimento do homem. O cuiabano como peixe-pintado, com uma cultura tão rica quanto o português, tão boa quanto o índio, e tão viva quanto o negro. A circunstância pode ser o entendimento de uma arte. A leitura do livro histórico, o ressobiar do sabiá, ou um jogo do Flamengo. A circunstância pode ser a ínfima fração da luz das estrelas, e ao mesmo tempo em que é o entendimento do espírito humano.

Hoje, faço a descrição do entendimento da circunstância do Estado e enquanto ideário mundializado.
As bolsas de valores rodam nas esquinas de Wall Street Avenue. Os gregos ironicamente pagam o déficit de seus títulos com a falta de democracia. Os ingleses vivem um novo West End étnico. A primavera árabe, esta foi de enormes flores vermelhas.
Não há ponto deste Estado mundializado que não ocorra um mesmo fenômeno. Ora forte e jovem, mas ora grosso e patético, a visível mão do mercado. A mão que vejo, está lá, velha e aparente, querendo ser derrotada em uma queda de braço.
O Brasil enquanto potência que vulcanicamente emerge como força econômica, política, e sobretudo cultural, tem uma responsabilidade: a da democracia com sustentabilidade social. Ao respeito com natureza e assim com o povo. Nada de queimadas, mas também nada de corrupção deslavada.

A mão, o mercado que privatiza a água, que moe a cana, que pressiona por BRT ou VLT, que é o agronegócio das terras férteis e mais garridas, tem uma só ordem de controle do Estado: a da democracia com sustentabilidade econômica. Cuiabá e Mato Grosso não estão diferentes desta circunstância do Estado mundializado.

Nós somos, aquilo que financeiramente, nos alimenta. Não tenho dúvidas, pagamos um preço caro por sermos tão conservadores quanto uma democracia de Casa Grande. Não tenho receio, o ideal por democracia, seja representativa ou direta, está presente nas manifestações de Londres, Atenas, e Benghaz. Todas são idênticas com a de Cuiabá. Seja greve dos servidores, seja não privatização, seja passe livre, ou seja segurança dos prefeitos. As reivindicações são partes de um mesmo fenômeno social.

A circunstância do Estado mundializado é que suas concepções puramente de mercado terão que ceder a estas reivindicações simples, mas profundas. A maioria se fará respeitar.
No Brasil, a classe média levará a crer que todos não suportam mais o atual Estado. A circunstância do entendimento, passará então à circunstância da mudança. Mudança que não é sinônimo de reforma política, tributária, eleitoral, ou qualquer outra. O que ocorrerá é a definição do que chamamos de sustentabilidade social.

O Estado mundializado terá que ser realmente democrático. As negociações entre os lideres dos manifestantes e o Estado mercantilizado levarão a reconstituições formais e substanciais do que se tem como ainda prática do meio do poder de decisão.

Bruno Boaventura

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