O Estado se transmudou para uma simples estrutura monolítica da indiferença, na qual encarna as forças impessoais do mercado que pretendem submeter às políticas públicas sociais. O risco é que a referência exclusivamente econômica traz em si todos os germes da concepção totalitária que reduz o Estado a um mero instrumento de execução de leis sobre-humanas que se supõem impor-se a todos. Este risco não é trazido pela utilidade em ser eficiente, ou seja, produzir o máximo no sentido do máximo saldo líquido de satisfação, mas sim pela não distribuição igualitariamente do que foi produzido. O problema está em utilizar a idéia do cálculo para ser eficiência quanto ao resultado, mas não enquanto a divisão do resultado. Afinal, ser eficiente para que? Para dividimos os resultados, ou para que cada um possa ser eficientemente explorado? A ideologia do lucro formada a partir da matriz de que a economia é o método de análise natural de todos os aspectos da vida humana, reduz o pensamento ao cálculo, é a economização e a mercantilização total das atividades humanas, sua aspiração e tendência. Conceitos incompatíveis com a própria natureza humana: é acreditar na transformação do homem em robô. É o contra-senso de querer desumanizar uma ciência humana, ignorando as relações sociais inerentes existentes entre os homens em qualquer relação de trabalho. Esta visão do mundo está em seu momento limite, não há mais com esta falaciosa tese do desenvolvimento econômico acima de tudo continuar prosperando, a natureza não tem mais suportar esta modalidade de relação, a crise econômica mundial do capital financeiro improdutivo que retorna a política pública do big to fail, e principalmente, socialmente já nos encontramos na barbárie da desigualdade social, sobretudo no Brasil.
Bruno J.R. Boaventura
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