sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Ordem e a legítima defesa

A OAB/MT passa por um processo de discussão endógena e exógena nunca antes visto. Os advogados e a sociedade estão a debater os rumos desta entidade vital para a democracia brasileira. Perdoem-me aqueles que ainda acreditam que o foco da questão são as pessoas e não as idéias. Não perguntem o que temos contra o Faid, mas indague-nos o que temos em favor da Ordem.
E aos que tentam rotularem os membros do Movimento pela OAB Democrática como vingadores, ou revanchistas de uma causa perdida, fica o conselho: superem a premissa de um raciocino personalista que privilegia uma visão da OAB circunscrita em interesses meramente pessoais e não institucionais, para passarem a entender que a nossa conclusão de indignação se funda na proposta de uma gestão democrática.
Não faça de nossa entidade mecanismo de pressão para processo bilionário da empresa Arantes e espere silêncio. Não faça da nossa entidade porta voz de bandeira que sequer foi discutida no Conselho como no caso da criação da Advocacia Geral do Estado e espere complacência. Não faça exigência em nome da nossa entidade e depois não lute pela sua concreção como no caso da suspensão do pagamento do vereador Ralf Leite e espere apoio.
A reação do Movimento pela OAB Democrática é em legítima defesa. Primeiramente fomos atacados, não há como não reagir ao vilipendio a um patrimônio social construído com os esforços de todos os advogados. Não há como não reagir ao achaque de nossa honra como advogado ao ver a nossa entidade representativa ser tudo menos representação dos anseios da classe.
A legitimidade de nossa defesa é ungida do ideal primordial da democracia: o que a todos cabe construir, cabe a todos arquitetar. Nesta empreitada não pode haver de um lado a base feita de carregadores de tijolo e em um degrau acima os senhores da razão. A base ficando com todo o peso e sem sustentação, a estrutura tende a rachar.
Por coincidência do ano eleitoral somos obrigados a ver o quanto a Ordem seria capaz de produzir avanços sociais. A mediocridade disto reside no fato de que nos últimos anos não se viu a vontade de produzir notícias quanto nos últimos meses.
O filtro para a acomodação natural de um continuísmo de 12 anos é a renovação. E esta responsabilidade cabe ao jovem advogado. Que tenhamos de uma vez por todas a consciência de que a maioria deste júri é composta por advogados que na atual gestão não podem ser conselheiros por não terem mais de 5 anos de profissão, que pagam um valor de anuidade injusto, que em nenhum momento, a não ser na entrega da carteira, são convidados a participar.
O jovem advogado não passa de um boleto, do endereço da entrega de um jornal e de um cartão de aniversário. A decisão de absolver ou condenar as críticas e as propostas que o Movimento da OAB Democrática está construindo com os advogados é de uma geração que não pode convalescer em ser protagonista da mudança. A mudança de idéias necessariamente não precisa de mudanças de pessoas, mas como confiar em pessoas que fraquejam ante os desafios democráticos pretendidos pela maioria como é o caso das eleições diretas ao quinto constitucional.
Sejamos jovens advogados, mas maduros indivíduos ao ponto de sabermos que um julgamento como decidir o rumo de nossa entidade deve ser feito com base no equilíbrio do idealismo prepositivo e do pragmatismo comprovado, ou seja, com base na comprovação de uma legitima defesa.
Bruno J.R. Boaventura - advogado .

2 comentários:

Anônimo disse...

Bela explanação feita no midianews.com.br (03.04.09).

Porém, entendo que a reeleição do digno presidente de OAB-MT se faz necessário, ante a incompetencia da oposição que nunca trabalhou em prol dos advogados matogrossenses.

Advogado

João disse...

Que bela porcaria