terça-feira, 14 de abril de 2009

A Ordem e o poder

É o poder o mais eficaz teste de caráter do ser humano. Não é somente com ele, mais é principalmente nele que o forte idealista sobressai ao fraco, é nele que a responsabilidade pragmática é colocada à prova de fogo. Os gregos antigos sabiam disso e por isso promoviam um rodízio no poder por meio de um sorteio. Assim todos os ditos cidadãos seriam democraticamente submetidos ao duplo teste do poder, o da convicção e da responsabilidade. Apesar de esta lição histórica estar à disposição de todos, ainda hoje alguns teimam em desrespeitar o seu ensinamento fundamental: que tudo tem o seu tempo, e no poder como na sociedade as idéias possuem um prazo de validade e por isso é de supra importância a renovação.Aqueles que não reconhecem esta temporalidade se cegam quanto à perniciosidade da perpetuação do poder. Passam a não mais reconhecer legitimas idéias, e as legitimadas pessoas para fazer valer estas idéias. Estes que falham no teste do poder pela falta de reconhecimento da validade de suas idéias e de sua legitimação, se tornam vultos que nos assombram com a crença que tudo sabe e que tudo pode fazer. Não há como ignorar que a OAB/MT como minha entidade representativa se tornou uma fonte de indignação, mas jamais se tornará uma fonte de decepção, pois sei que o que está presente nem sempre foi assim no passado e indubitavelmente não continuará a ser no futuro.Como defender um presidente que pode, quer e se propõe a se perpetuar no poder acaso torne a sua candidatura algo como apoiado por um grupo que, sobretudo dando sustentação a esta pretensão estará ignorando o malefício institucional de um presidente perpétuo. Não tememos o mal, e não devemos os nossos respeitos, pois aquele que ignora o abnegado trabalho de um João Scaravelli frente à CAAMT, e ignora a obreira vontade cotidiana de estar aos cumprimentos no Fórum de um José do Patrocínio não os merecem. Aquele que também ignora as idéias válidas como o filtro da impessoalidade do concurso público, que pese a sua recente exigência ao Tribunal de Justiça, não poderia jamais se colocar na posição de exemplo, pois não a pratica dentro e fora da OAB/MT.É desta dupla ignorância, quanto ao apodrecimento de suas idéias e quanto ao respeito ao próximo, que vejo o erro da insurgência do 3º mandato do presidente da OAB/MT. È justamente desta falta de senso da responsabilidade institucional que nasce a fraqueza desta candidatura. Pois se o Estatuto possibilita, assim não o será permitido pela maioria dos advogados. O apoio a esta tese não passa de uma intoxicante fumaça a ser ventilada com palavras de ordem como a de que na OAB não é lugar de Chavez. Não o cogitem caros colegas do Movimento pela OAB Democrática, pois do tempo ninguém escapa, nem mesmo o presidente Aderbal Maximiniano resistiu após seus longos 34 anos frente a OAB/AC. A OAB/MT a todos é certo, em um futuro não tão distante deixará de possuir olhos raivosos para com os advogados críticos, e de ter olhar de perdão e benção para com o poder. Sejamos capazes de afirmar que a idéia de que rodízio da democracia no teste do poder ainda vence sobre a idéia do continuísmo do autoritarismo. Um presidente que não aceita isso é um presidente com o prazo a ser declarado como vencido pelos legitimados a reprová-lo no teste do poder: nós advogados exemplos sociais de entendimento do funcionamento da democracia.

Bruno J.R. Boaventura - advogado.

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