sexta-feira, 8 de maio de 2009

A Ordem e a mudança

Na última reunião do Movimento pela OAB Democrática, com grande satisfação, conseguimos mobilizar cerca de 100 advogados. Este número que até para os mais organizados movimentos sociais é de dificuldade, era na advocacia, até aquele momento, dado como uma impossibilidade. Mas o feito não se resume reunir por reunir, eram quase 100 advogados conscientes do momento de discussão que passa a OAB/MT. Por isso, a idéia do plebiscito para decidir a participação direta no quinto constitucional foi tão bem recebida. Os advogados de Mato Grosso estão a perceber que a marola propulsionada no dia 11 de agosto de 2008 (Dia do Advogado), no lançamento do histórico Manifesto, se tornou uma onda, e se tornará o maremoto da mudança que afogará os homens e as idéias que ainda obstaculizam a entidade de se tornar impessoal.
Todos aqueles advogados, passando de Cléa Ferraz a Paulo Lemos, não são surfistas da inconseqüência e sim desbravadores que não percebem mais a OAB/MT como um porto seguro para as suas intempéries profissionais. E esta falta de assistência institucional atinge justamente a quem mais precisa: o jovem advogado. É este que diante de todas as dificuldades naturais do início de uma profissão deveria receber mais atenção. Não é exatamente este o conceito aristotélico de igualdade substancial: tratar os diferentes na medida proporcional das suas diferenças! Mas, eu me pergunto: o que a OAB/MT faz ? Age para com o jovem advogado como lhe virasse as costas, empurrando-o para a sombra da dependência. Da dependência de outro advogado, ou das circunstâncias de um mercado cada vez mais feroz. Façamos da OAB/MT uma entidade de respeito a autonomia, e não do incentivo a dependência aos grupelhos.
A mudança é algo que esta a flutuar no mundo, chegou a hora de renovarmos as nossas idéias. O momento da mudança bate as portas da OAB/MT, e o presidente não atende. Como alguém pode crer que a OAB/MT é de sua exclusividade? Não podemos deixar. Assim como os 7 mares podem ser navegados, jamais poderão ser o trunfo da conquista de um homem só. No navio que começa a dar sinais de naufrágio ninguém permanece, somente um honrado capitão. Não restam dúvidas de que a honra de um homem não é se sentir honrado por si próprio, mas fazer da honra um reconhecimento alheio da ajuda prestada as outras pessoas. Alguém que ignora por completo todos aqueles que o ajudaram, pode ser um capitão, mas não será aquele que honrará a bandeira e o manche de nossa instituição. É este capitão que nós precisamos, pois o nosso em uma batalha não vê motivos para se sacrificar em nome de ninguém e em razão de nada.
Temos que reconstruir a nossa entidade para torna - lá um farol que avisa dos limites destrutivos das pontiagudas pedras de uma costeira. Não sejamos cínicos, ao permitir que uma eventual amizade com o capitão seja o suficiente para tornar-lo apoiado nesta sua viagem do esquecimento do papel democrático de um presidente da OAB/MT: liderar os navegantes rumo a descoberta profissional da satisfação social em ajudar os outros à resolverem seus conflitos e não fazer dos advogados remadores de uma galera romana ruma à uma batalha já perdida. A onda já se formou, ainda resta tempo, saibamos de uma vez por todas que o maremoto da mudança está a caminho e somente aos crédulos de um capitão autoritário serão tragados pelo redemoinho e levados ao fundo do descrédito com a defesa do terceiro mandato. Ao tratarmos de uma instituição como OAB/MT, o comando do manche, e a honra da bandeira, não pode ser outra senão a democracia. Saibamos que a bandeira de pirata não encaixa no mastro de nosso navio, mas tão somente uma capaz de tremular na direção do vento do mundo: a mudança renovatória das idéias, e das pessoas.
BRUNO J. R. BOAVENTURA é advogado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bruno gostaria que você abordasse nessas reuniões o constrangimento que os jovens advogados do interior sofrem. Meu processo de inscrição definitiva foi protocolado na OAB/Cuiabá no dia 31/03/2009 e até agora nem a certidão com o meu número de inscrição eu tenho. Advinha com quanto tempo chegou o boleto da anuidade em minha residência... 01 semana.
Enquanto isso os jovens advogados de Cuiabá que deram entrada com processo de inscrição definitiva na mesma data já estão há tempos com as certidões nas mãos.
Estou impedido de advogar, mesmo tendo efetuado o pagamento a 1ª parcela da anuidade no dia 01/05/2009.
É revoltante!