terça-feira, 20 de outubro de 2015

A Ordem Transformadora, o Capataz e o Bom Moço Jovem.

Primeiro, parabenizo aos colegas advogados de se posicionaram sobre o futuro da Seccional da OAB de Mato Grosso nas eleições do dia 27 de novembro. A participação no debate eleitoral é mais importante do que o simples voto. O advogado vive profissionalmente de posicionamentos, jamais poderia se escusar em ter opinião própria quanto a entidade que o representa.  Advogar é ato de exercício diário do mais alto múnus público, a exclusividade da defesa do cidadão em uma República que se fundamenta na cidadania. O dever a cumprir é de ser franco com a manifestação do pensamento e corajoso pela liberdade da expressão. Viva todos aqueles que saem do escuro do buraco, rompendo o preconceito do silêncio. Imagem e texto publicizados são como provas do tempo de que os Doutores não são como as cobras que articulam em seu ninho tão pouco como os tatus que se escondem por medo de um mero barulho. 
Neste ano, a OAB de Mato Grosso tem a maior oportunidade de toda a sua história em se ver transformada. Em um contexto de final de um ciclo político que se perpetuava por mais de 20 anos no poder, com a chegada na Assembleia Legislativa de José Geraldo Riva e de seu caititu mais bem treinado, Silval Barbosa, no Poder Executivo.
A OAB MT tem que ser transformada para se fazer transformadora da ordem jurídica, política e social. É essa a sina de nosso tempo: o amanhã tem que ser melhor do que foi o ontem. É hoje, é agora, a hora de nos fazermos transformadores e rompermos com o passado que ainda persiste em se chamar de novo.
A realidade da entidade desvela que os últimos 20 anos de gestão seguiram passo a passa o ciclo político do poder. Tivemos o PSDB na gestão da OAB MT nos fazendo ante sala do Governo Dante de Oliveira. Vimos o PR tratando a OAB MT como mais um lobby de um hotel. No Governo Silval Barbosa do PMDB, a escalada do atrelamento político chegou ao cume, quando mercadores da nossa representatividade nos tabelaram em um balcão de negócios chamado captação da clientela de colarinho branco.
Um ciclo político de poder passou, sem que para tanto houvesse uma atuação da OAB MT. Pelo contrário, quando setores da sociedade civil organizada buscavam guarida para questionarem José Riva, como o MCCE e ONG MORAL, foram solenemente destratados pela OAB MT tudo em prol da permanência do establishment.
Não é a toa que ao final deste ciclo político, a dita situação fragmentou em tantas candidaturas quantos desejos políticos partidários que se toleravam na gestão da OAB MT. Agora, pela situação, existem os candidatos do Governo passado e existem os candidatos do Governo presente. A institucionalidade de uma entidade constitucionalmente ungida a ser a mais legitimada defensora da cidadania como a OAB MT não pode continuar tendo esse atrelamento como futuro.
A classe dos advogados quer mudanças, é fato incontroverso demonstrado nas pesquisas. A Democracia, a Ética, a Transparência e a Independência da OAB MT devem convergir valores íntegros para um propósito de transformação. Não mais podemos ser geridos por interesses que não sejam os da advocacia. Devemos lutar para transformar a realidade do cotidiano da advocacia matogrossense, seja tornando céleres os andamentos da Justiça Estadual, seja fazendo respeitosa a Justiça Federal com as nossas prerrogativas, que a Justiça Trabalhista seja tão especial ao ponto de nos vermos como iguais com a magistratura e finalmente que não se faça da Justiça Eleitoral campo de influência daquilo que não se pode advogar no papel.
Um dia desses visitando a maravilhosa cidade de Barra do Garças, escutei um causo que acho que pontua bem o quis escrever aos meus colegas advogados e advogadas. No amanhecer de um novo dia, em uma estrada de chão batido do nosso interiorzão de Mato Grosso, nessas em que o pé da cerca confunde-se com o acostamento. Em que de tanto passar máquina, deixa uma ribanceira cheia de buraco de ninho de cobra e de tatu. Nessa mesmo, parecida com a que o leitor já caminhou, vinha descendo ladeira a baixo um conhecido Capataz da mais antiga fazenda da região.
Por carga da água do destino, subindo a mesma estrada, vinha o Bom Moço Jovem, homem bem alcunhado que diziam ser mais perfeito do que a perfeição. Os dois então puseram a prosear bem no meio do que para um era descida para o outro era subida.
 - Oh Capataz, tão falando que o Dono da Fazenda está querendo fazer você presidente para a OAB, é verdade ?
- Bom Moço Jovem, não é que é verdade, se sabe muito bem como ele é: colocou um negócio na cabeça e difícil de querer perder.
- É mesmo? Rapaz, larga mão dele. Faça que nem eu, acende uma vela para ele e outra pro inimigo dele. Sem brigueira da lascaira de ter lado, sô.
Vendo toda aquela conversa, estava a observar um Senhor Matuto e muito experiente, que assim falou aos dois:
- Capataz e Bom Moço Jovem, vocês são filhos do mesmo pai. Essa tal Fazenda chamada de Continuísmo pariu duas crias. Uma se diz inovação quando na verdade é mais passado do que manga podre caída do pé. A outra falando que é oposição, só porque a teta que mamava secou de tanta mordida. Nesta longa estrada da vida, o que nos faz poder mudar é a mudança no poder de fazer. Escreve que esse foi de Japâ.
É esse Senhor Matuto capaz de enxergar a integridade do propósito da transformação que poderá nos levar adiante neste caminho que um já desceu e outro não tem como subir. Esse Senhor que fará uma gestão comprometida em ser transformadora para o bem da nossa qualidade de vida. O nome dele? Uns chamam de Pio da Silva, eu prefiro: Dr. Izonildes Pio da Silva, futuro presidente da OAB de Mato Grosso.
Bruno Boaventura – advogado, especialista em direito público e mestre em política social pela UFMT.

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