segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Ordem e os Advogados da Turma do Umbigo no Balcão.

Primeiro, gostaria de parabenizar os Advogados e Advogadas pelo seu dia, 11 de agosto.

Não construímos pontes como os engenheiros, não salvamos vidas como os médicos, e não recolhemos o lixo como os recicladores, mas sendo advogado e advogada, seja onde estiver, personificada estará sempre a classe dos defensores da cidadania. Somos aqueles que ajudamos ao próximo a compreender o senso do que é o mais humano valor civilizatório, a justiça.

Sempre orgulhosamente fiz parte da Turma do Umbigo no Balcão. São Advogados e Advogadas que carregam em seus pés, o troféu do espaço conquistado pelo trabalho árduo: a sola gasta dos sapatos. 

A Turma do Umbigo no Balcão tem algo simples a dizer: a carteira vermelha que carregamos possui o mesmo valor para todos, independentemente do número da inscrição e da conta bancária de cada um.

Passamos as mesmas dificuldades, testemunhamos dia após dia o empenho de nossos colegas de profissão no enfrentamento com perseverança por um atendimento digno de um estagiário mal remunerado; a exigência por andamento de um processo a ser feito por uma estrutura precária para tanto; o aumento das tarefas diárias pelo uso dos múltiplos sistemas de processo eletrônico; os variados e cada vez mais frequentes destratos dos juízes, mas, sobretudo: no propósito firme e forte de fazermos entender à sociedade que a advocacia é uma profissão merecedora de respeito.

Entre tantas outras circunstância, quando presenciamos o balcão cheio e a folha de papel pregada na parede avisando que incitar funcionário público é crime, também é ai que sentimos uma profunda ausência. Não enxergamos um sinal de que OAB/MT está conosco para superarmos juntos os desafios. OAB/MT poderia se engajar mais na luta pela valorização da advocacia como um todo, não apenas para alguns, tentando melhorar a qualidade de vida de todos os Advogados e Advogadas.

Os interesses da Turma do Umbigo no Balcão não ressoam na Diretoria da OAB/MT. Esse é o fato. Nada parece importar a esses Senhores que governam para si próprios, sempre querendo nos fazer de mudos, cegos e tolos.

Sequer querem nos ouvir: quando, me diga quando, Advogado e Advogada, você foi convidado a debater e decidir o futuro da entidade que o representa? Um exemplo é de que nunca foi realizada uma única Assembleia Geral e a votação que temos participado é própria a eleição, jamais outra. Qualquer associação, seja de condôminos, de moradores de um bairro, de qualquer profissão, convoca seus membros para dialogarem. Na OAB/MT isso não acontece. Isso é ausência de democracia.

Não querem que enxerguemos. Alguém me responda: qual é a prova que temos de como é gasto o dinheiro da entidade que com nossas anuidades é sustentada? Sendo uma Autarquia, mesmo que sui generis, o controle da prestação de contas deveria ser o mais público e facilitado possível. Isso não é outra coisa, senão falta de transparência.

Finalmente, me digam, até quando com seu silêncio, você apoiará a ética do atrelamento político que contamina a entidade que nos legitima? Existe uma vinculação que carcome a nossa independência. Vinculação essa provada de múltiplas formas, seja com a crise do Judiciário na aposentadoria dos 10 magistrados pelo CNJ, seja em relação os desvios das obras da Copa do Mundo, seja a corrupção bilionária perpetuada na Assembleia, qual foi o papel da OAB/MT?  Nestes episódios, como advogado que fui da defesa da sociedade civil organizada, posso afirmar com muita segurança que é tolice acreditar que a diretoria da OAB/MT honrou com a sociedade a nossa responsabilidade de defensores da cidadania.

Tais perguntas sobre a democracia, a transparência e a ética da OAB/MT, nos trazem a tona que a identidade da entidade ao longo do tempo enveredou por um caminho de fechamento a interesses de um pequeno círculo, mazela própria de um continuísmo acerbado. Para que haja a possibilidade da abertura, faremos um ato aberto público e democrática para conversarmos sobre a forma que será realizada as eleições da OAB/MT, que serão em novembro deste ano. No dia do advogado, 11 de agosto, estaremos em riste na praça das bandeiras a partir das 17:30 horas. Venha conosco, para nós a sua posição é mais do importante, é fundamental.

Deixo muito claro que faço o que faço, que escrevo o que escrevo e que defendo o que defendo, sempre de forma mui respeitosa, por amor à nossa honrada profissão e pela sobrevivência da soberania da entidade que juntos sonhamos que se torne a própria protetora da cidadania. É essa a nossa causa de ontem, de hoje e do amanhã: a OAB/MT.
Trata-se de um sonho, mas meu pai já dizia: quem são aqueles que fazem a história senão os que trazem consigo a esperança da mudança. Sonho que nunca sonhei só, o do nascer do dia que trará a boa nova da OAB/MT MUITO MAIS INDEPENDENTE E DE VOLTA PARA TODOS OS ADVOGADOS.

Bruno Boaventura.


Advogado. Especialista em direito público. Mestre em politica social. 

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